segunda-feira, 4 de junho de 2018

Emicida X Flora Matos: Um problema muito além do RAP


MATÉRIA POR GABRIEL SANKARA


Antes de começar esse texto quero deixar claro uma coisa, não tenho a intenção de fazer ninguém deixar de gostar do seu ídolo e muito menos de criar polemicas rasas.
O intuito principal é criar uma reflexão sobre toda a situação que envolveu Emicida e Flora Matos no começo do ano e sobre outros problemas estruturados no rap.

Pois bem, depois da explicação vamos aos fatos...
Tudo começou quando Emicida, após uma polemica envolvendo Livia Cruz, usou seu Twitter para exaltar algumas mulheres negras que fazem rap atualmente e que realmente merecem mais atenção. Porém intencionalmente (ou não) o MC conhecido pelo seu papel contra o preconceito racial, deixou de fora um dos maiores nomes da cena do RAP, a dona do HIT “Preta de Quebrada” Flora Matos.
Ai é que vem a parte em que eu explico o motivo desse texto...
Flora Respondeu Emicida acusando o rapper de ser machista (até então isso não estava em discussão ainda) e a resposta de Emicida chamou atenção por acusar Flora de usar a sua “Negritude” apenas quando convém.

Emicida tentou jogar o publico contra Flora Matos por ela “não ser preta o suficiente” pra cantar “Preta de Quebrada”, como se a rapper só usasse uma “mascara” de negra apenas por que ser preto está na moda.
Mas vamos ao ponto que eu queria chegar finalmente...
Emicida sempre acaba sendo uma figura com discurso bonito mas atitude contraditória a fala.
O rapper que hoje é ídolo e símbolo de negritude no país, já fez muitas rimas racistas e machistas na sua época de batalha, na época em que ser preto ainda não era bonito pras universitárias da unesp. Não conheço nenhum preto que se aceita desde a infância, todos passaram por um processo de desconstrução do preconceito, até aceitarem seus traços.
E por fim, o mesmo rapper que acusa uma negra de pele clara de ser oportunista, contratou Coruja BC1 para a Laboratório Fantasma. Sim, um negro de pele clara e que em muitas letras exalta a sua negritude, é empregado do Emicida e NUNCA recebeu critica alguma por “não ser negro suficiente”

Fiz essa matéria com o intuito de que as pessoas façam uma reflexão sobre duas coisas em especial.
A primeira é que, ainda é muito fácil jogar o publico do rap contra uma mulher, Flora Matos sempre fez um trampo muito correto e mereceu chegar onde chegou com seu esforço, após essa polêmica muita gente desmereceu toda a carreira dela e isso foi muito injusto. A postura do Emicida nessa briga só confirmou que ele ainda é machista e não, não é só o Emicida que é machista, é TODA A CENA. Ainda temos esse problema, é difícil pro publico aceitar uma mina na cena.
E a segunda coisa é que, essa questão de ser ou não ser “preto o suficiente” é uma besteira sem tamanho que só divide o nosso povo, não existe mais ou menos preto, Flora é preta, Drika é preta, Coruja é preto e Emicida é preto, O RAP É PRETO.
A gente tem muito problema por ai pra ficar se preocupando com quem tem mais melanina do que o outro, temos rappers fazendo versos RACISTAS nas letras, temos produtores brancos que sacaneiam rappers pretos (alô, pineapple).
A minha conclusão pra isso vem de uma letra do Slim Rimografia:
“É arte do gueto irmão
O din tem que voltar pro gueto”
Essa é a fita pra se preocupar, fazer com que pretos sejam reconhecidos pela arte que É NOSSA.

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